Pega, estica e puxa

É curioso constatar, de uma maneira quase sobrenatural, que o tempo é relativo, pode ser esticado, encolhido, amassado. Seria algo extremamento bom, não fosse a nossa incapacidade de controlá-lo. Estamos conversando tranquilamente e BAM, você está atrasado pra alguma reunião. Estou há “horas” ouvindo uma palestra entediante e BAM não se passaram 30 minutos. Chega a ser frustante depender tanto dos ponteiros do relógio. Mas calma, a culpa não é sua.

É como se Cronos (sim, o deus grego do Tempo) fosse um palhaço sádico e observasse toda sua vida e arbitrariamente decidisse quando e como o tempo passaria mais rápido, ou mais devagar. Claro que usaria de bons truques pra não deixar você perceber e acreditar piemente que essa baboseira toda não existe, mas no fundo você sabe que existe. Só não sabe quem está te enganando e nem o porquê.

Parece loucura não? Mas curiosamente já estou a quase uma hora regidindo este texto, e a impressão que tive é que não se passaram sequer 20 minutos. Eis o novo vilão da modernidade: o senhor do Tempo. É ele que controla sua vida, seu dia, e faz com que uma superorganização seja necessária como modo de sobrevivência. E somente quando já perdermos tempo demais, é que nos damos conta de que fomos escravos a vida inteira.

E por mais poder que este novo vilão tenha em nossas vidas, ‘voltar no tempo’ não é um deles.

Quis parar o tempo
Não sabia envelhecer
O velho babão
Tinta no cabelo
Farreava pra valer
Tinta no cartão
Quis parar o tempo
E seu tempo acabou

(Jay Vaquer)

Meu passado na minha rotina

Todo início de ano mantenho uma rotina, que outrora havia sido imposta por minha mãe, hoje realizo com o maior prazer: arrumar os “papéis” do ano passado. Provas, artigos, textos, poesias, cartas; tudo isso passa por um crivo para dar espaço a novas criações no ano que se inicia. Mais do que melhoramento do espaço físico, porém, esse ritual que realizo há quase 5 anos serve para relembrar pequenas coisas esquecidas com o tempo. Há quem reclame da rotina, já eu a acho importante, fundamental até. É através dela que criamos referência do que será extraordinário. Não que os fatos que não se encaixarem na extraordinariedade da vida deixem de ser menos importantes. É por isso que, dia desses, na minha arrumação pude relembrar do que cheguei a fazer por uma garota, não sei ao certo se foi meu primeiro amor (isso fica pra outro dia rs), mas foi bom lembrar que nem sempre eu fui um cara que não dava a mínima para relacionamentos duradouros. Ou eu fiz um bom progresso, ou estou trilhando um caminho completamento oposto.

Enfim, achei um poema escrito em forma de carta desenhada por mim. O desenho é uma espécie de pergaminho e dentro tem o poema (sim, eu sou/era piegas). Lembro bem do dia que passei horas tentando copiar o desenho do pergaminho que havia visto numa outra carta de amor. No dia seguinte encontrei com ela, passamos algumas horas conversando, aliás, nossas conversas eram as mais duradouras e prazerosas possíveis, pelo menos pra mim rs, acredito, na verdade espero que para ela também. Já ficamos até altas horas conversando sobre nada e com muito assunto ainda por tratar.

Naquele dia não cheguei a entregar a bendita carta. Talvez por medo, insegurança ou qualquer outra coisa, mas ainda assim, não sei se me arrependo. Bom, eis o meu pequeno relato (não achou que ia colocar a carta toda, achou?). Na época acredito eu, deveria ter uns 15 anos. Wow, 6 anos atrás.

“Hell, that’s the most I’ve spoke in a year.”


Feliz daquele que possui seu coração
Eu ainda luto para chamar sua atenção
Render-me? Jamais!
Nada me fará desistir.
Amizade? Sim, seremos eternos amigos
Nessas e em outras vidas
Duvido que negues, que o que sinto, é simplesmente
Amor!

(Thiago Melo)