Pega, estica e puxa

É curioso constatar, de uma maneira quase sobrenatural, que o tempo é relativo, pode ser esticado, encolhido, amassado. Seria algo extremamento bom, não fosse a nossa incapacidade de controlá-lo. Estamos conversando tranquilamente e BAM, você está atrasado pra alguma reunião. Estou há “horas” ouvindo uma palestra entediante e BAM não se passaram 30 minutos. Chega a ser frustante depender tanto dos ponteiros do relógio. Mas calma, a culpa não é sua.

É como se Cronos (sim, o deus grego do Tempo) fosse um palhaço sádico e observasse toda sua vida e arbitrariamente decidisse quando e como o tempo passaria mais rápido, ou mais devagar. Claro que usaria de bons truques pra não deixar você perceber e acreditar piemente que essa baboseira toda não existe, mas no fundo você sabe que existe. Só não sabe quem está te enganando e nem o porquê.

Parece loucura não? Mas curiosamente já estou a quase uma hora regidindo este texto, e a impressão que tive é que não se passaram sequer 20 minutos. Eis o novo vilão da modernidade: o senhor do Tempo. É ele que controla sua vida, seu dia, e faz com que uma superorganização seja necessária como modo de sobrevivência. E somente quando já perdermos tempo demais, é que nos damos conta de que fomos escravos a vida inteira.

E por mais poder que este novo vilão tenha em nossas vidas, ‘voltar no tempo’ não é um deles.

Quis parar o tempo
Não sabia envelhecer
O velho babão
Tinta no cabelo
Farreava pra valer
Tinta no cartão
Quis parar o tempo
E seu tempo acabou

(Jay Vaquer)