Um segundo…

Um dos poucos microcontos que achei numa gaveta, Lembrava dele, mas não sabia onde havia guardado e nem mesmo sabia se o havia guardado. Ele é datado de 16/11/2008, provavelmente escrevi ele numa das aulas do primeiro período rs.

Um segundo…

O sol parecia incomodar a todos naquele parque. Gotículas de suor percorriam os corpos dos andantes como se apostassem uma corrida em direção ao chão. Todos pareciam se incomodar, todos menos ela, que parou embaixo de uma árvore, olhou para o horizonte, e coincidentemente minha direção, e sorriu. Ela sorriu pra mim, eu sei que foi pra mim. Naquele segundo meu mundo se uniu ao dela. O sol congelou, as nuvens sumiram e o fraco vento cessou. Aquele olhar de alguma forma me aqueceu. Eu me sentia vivo. Eu estava vivo novamente. Pude sentir o odor do seu perfume, uma mistura de cedros com qualquer outra coisa que não reconheci. Aquilo me queimou por dentro e a sensação era de que uma faca rasgava tudo aquilo que um dia eu havia chamado de corpo. Vi sua expressão mudar com a mesma velocidade daquele segundo. Somente naquele segundo eu pude perceber que ela ainda me amava. Tudo voltou ao normal, as pessoas ao redor ainda pareciam irritadas com tamanho calor. Eu já estava pronto para ir embora.

(My body may be a work-in-progress, but there is nothing wrong with my soul.)

Transamérica

Pega, estica e puxa

É curioso constatar, de uma maneira quase sobrenatural, que o tempo é relativo, pode ser esticado, encolhido, amassado. Seria algo extremamento bom, não fosse a nossa incapacidade de controlá-lo. Estamos conversando tranquilamente e BAM, você está atrasado pra alguma reunião. Estou há “horas” ouvindo uma palestra entediante e BAM não se passaram 30 minutos. Chega a ser frustante depender tanto dos ponteiros do relógio. Mas calma, a culpa não é sua.

É como se Cronos (sim, o deus grego do Tempo) fosse um palhaço sádico e observasse toda sua vida e arbitrariamente decidisse quando e como o tempo passaria mais rápido, ou mais devagar. Claro que usaria de bons truques pra não deixar você perceber e acreditar piemente que essa baboseira toda não existe, mas no fundo você sabe que existe. Só não sabe quem está te enganando e nem o porquê.

Parece loucura não? Mas curiosamente já estou a quase uma hora regidindo este texto, e a impressão que tive é que não se passaram sequer 20 minutos. Eis o novo vilão da modernidade: o senhor do Tempo. É ele que controla sua vida, seu dia, e faz com que uma superorganização seja necessária como modo de sobrevivência. E somente quando já perdermos tempo demais, é que nos damos conta de que fomos escravos a vida inteira.

E por mais poder que este novo vilão tenha em nossas vidas, ‘voltar no tempo’ não é um deles.

Quis parar o tempo
Não sabia envelhecer
O velho babão
Tinta no cabelo
Farreava pra valer
Tinta no cartão
Quis parar o tempo
E seu tempo acabou

(Jay Vaquer)

Meu passado na minha rotina

Todo início de ano mantenho uma rotina, que outrora havia sido imposta por minha mãe, hoje realizo com o maior prazer: arrumar os “papéis” do ano passado. Provas, artigos, textos, poesias, cartas; tudo isso passa por um crivo para dar espaço a novas criações no ano que se inicia. Mais do que melhoramento do espaço físico, porém, esse ritual que realizo há quase 5 anos serve para relembrar pequenas coisas esquecidas com o tempo. Há quem reclame da rotina, já eu a acho importante, fundamental até. É através dela que criamos referência do que será extraordinário. Não que os fatos que não se encaixarem na extraordinariedade da vida deixem de ser menos importantes. É por isso que, dia desses, na minha arrumação pude relembrar do que cheguei a fazer por uma garota, não sei ao certo se foi meu primeiro amor (isso fica pra outro dia rs), mas foi bom lembrar que nem sempre eu fui um cara que não dava a mínima para relacionamentos duradouros. Ou eu fiz um bom progresso, ou estou trilhando um caminho completamento oposto.

Enfim, achei um poema escrito em forma de carta desenhada por mim. O desenho é uma espécie de pergaminho e dentro tem o poema (sim, eu sou/era piegas). Lembro bem do dia que passei horas tentando copiar o desenho do pergaminho que havia visto numa outra carta de amor. No dia seguinte encontrei com ela, passamos algumas horas conversando, aliás, nossas conversas eram as mais duradouras e prazerosas possíveis, pelo menos pra mim rs, acredito, na verdade espero que para ela também. Já ficamos até altas horas conversando sobre nada e com muito assunto ainda por tratar.

Naquele dia não cheguei a entregar a bendita carta. Talvez por medo, insegurança ou qualquer outra coisa, mas ainda assim, não sei se me arrependo. Bom, eis o meu pequeno relato (não achou que ia colocar a carta toda, achou?). Na época acredito eu, deveria ter uns 15 anos. Wow, 6 anos atrás.

“Hell, that’s the most I’ve spoke in a year.”


Feliz daquele que possui seu coração
Eu ainda luto para chamar sua atenção
Render-me? Jamais!
Nada me fará desistir.
Amizade? Sim, seremos eternos amigos
Nessas e em outras vidas
Duvido que negues, que o que sinto, é simplesmente
Amor!

(Thiago Melo)

 

A Origem

Bom, não esperem muita coisa desse espaço, porque nem eu ao certo sei o que pretendo fazer dele. Acredito eu que estava com pouca coisa pra fazer e resolvi criar o blog, aliás este é um desejo que nutro há bastante tempo, mas estava em busca da batida perfeita, de um nome bacana, algo que, ao mesmo tempo fosse original, criativo e bacana.

Minhas primeira opção seria “Pra ser sincero”, mas pergaram o título e nem sei se atualizam o blog, enfim resolvi nomear este de Antologia porque acho que farei daqui um apanhado de textos meus (não que isto seja graaande coisa). Não sei se a opção por “Antologia” foi original ou criativo, mas eu achei legal.

Ah, comentários sobre séries e filmes também irão figurar por aqui vez ou outra. Tá, eu já faço isso no Site Cinemania e no Blog Cinemania. Mas lá é uma espécie de hobbie levada um pouco a sério, aqui é um blog pessoal, menos formal e não somente ligado a cinema. Quem quiser pode me acompanhar também também pelo twitter: o do site: @cinemanias e o meu pessoal @tigomelo. Enfim, eu disse que tava com pouca coisa pra fazer rs. Mas é assim mesmo, às vezes é preciso que a gente se obrigue a trabalhar mais senão acabamos nos acomodando com nossa rotina e esquecemos que a diferença faz parte da mudança!

Um bom 2010 pra você!

A minha mente me faz crer que tudo que vejo é real

Que tudo que sinto, que cheiro, que vejo é real

Ao mesmo tempo, minha mente me lembra

Que aquilo que não me lembro, não aconteceu

E, maliciosamente, minha mente me angustia:

Estaríamos em uma realidade imaginosa,

Ou em uma imaginação real?

Thiago Melo